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A mostrar mensagens de 2016

Até quando os advérbios JÁ e AINDA associados ao casamento?

Seguindo a grande paixão que sempre tive pela língua portuguesa, quer me parecer que a utilização dos advérbios de tempo JÁ e AINDA pressupõe uma realidade que é inevitável, obrigatória ou, pelo menos, devida.  O exemplo mais claro é o da morte.Não existe nada mais inevitável do que a morte e, assim sendo, sabemos que de velho ninguém passa.  É portanto tão natural, seguindo esta ordem de ideias, ouvirmos alguém perguntar "Então, os seus bisavós? AINDA são vivos?" como ouvir como resposta "O meu bisavô JÁ morreu, a minha bisavó é que AINDA é viva". Um diálogo perfeitamente natural, pela ordem natural das coisas, da vida. Os mesmos advérbios podem também, a meu ver correctamente  ser usados quando ambas as pessoas sabem que uma determinada acção é obrigatória ou devida. Parece-me normal ouvir uma pessoa perguntar a outra "Então, JÁ entregaste a declaração do IRS?"  ou "JÁ pediste desculpa ao Zé?" ... Ambas as perguntas fazem sentido, tal como faz

Fotografias de crianças publicadas, sim... Desde que não seja nas redes sociais? Mas qual o sentido disto ?

A notícia sobre a jovem austríaca que processou os pais por terem, durante anos, publicado fotografias suas no Facebook e se terem recusado a apagá-las,  obrigou-me a reflectir sobre o assunto. Para deixar as coisas arrumadas e claras quero esclarecer que, neste caso específico, estou a favor da rapariga, tendo em conta que os pais insistiram em manter as fotografias, depois da filha lhes ter pedido várias vezes que as apagassem.  Acho, no entanto, excessivo levantar um processo aos pais por esse motivo, mas isso está internamente ligado com aquilo de que vou falar a seguir. Vi várias vozes se levantarem contra esses pais que, tal como outros que publicam fotografias dos filhos no Facebook, deviam ser imediatamente queimados na fogueira . É o que se depreende de comentários tão inflamados. Afinal, em algumas fotografias a criança até estava nua e na sanita!  Autêntico chamariz para pedófilos, diziam alguns comentários. Fiquei a saber que em alguns países publicar fotografias de cri

O sentimento de impotência.... E vidas que valem a pena

É um bocado difícil falar sobre este sentimento sem expor um pouco da minha vida pessoal. Mas quem me conhece sabe que me auto-destrui com um casamento que estava, à partida, condenado ao fracasso e que só com um grande esforço meu (que me destruía mais a cada dia que passava) durou tanto tempo. Tive de deixar tudo e sair com a roupa que tinha no corpo e a metade da alma que me restava.  É com ajuda do Estado que tenho estado a recomeçar. Agradeço. E muito. Mas confesso que estou farta de viver assim. Não foi nada disto que sonhei para a minha vida.  Estou completamente farta de uma vida de submissão, em que dependo de ajudas, sem ser, na verdade dona do meu próprio nariz. O sentimento de inutilidade é o pior dos martírios... Mas adiante, que já me alonguei demais em auto-comiseração barata.  Esse sentimento de inutilidade agudizou-se nas últimas semanas quando vi o meu país a arder, com um dos principais focos na zona onde vivo. Vi dor. Vi angústia. Vi medo. Vi revolta. Vi preocupaç

Antes só que mal acompanhado seria um bom título, mas é cliché

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Ao contrário do que possa parecer, não sou muito de expor as minhas emoções pessoais . Quando rebenta alguma, é quando já ficaram milhares por rebentar... E para rebentar é porque a pancada foi mesmo forte.... Mas não vou, afinal, falar só em mim, mas no geral, partindo apenas de mim como exemplo.... Ontem uma profissional de serviço social perguntava-me se já tinha feito amizades nestes MENOS DE seis meses que estou a viver nesta cidade. Respondi-lhe que já havia pessoas com quem me dava bem, com quem conversava, mas que não podia considerar ainda grandes amizades, o que achava normal, tendo em conta que estou cá a viver há pouco tempo. Não psreceu gostar da resposta e disse que essas coisas têm que ser trabalhadas, que a pessoa tem que fazer o seu trabalho nesse sentido, pois uma pessoa sozinha numa cidade, se um dia se sentir mal não tem a quem recorrer, a menos que tenha amigos que a ajudem.... Perguntou mesmo a quem recorreria se me sentisse mal.... Confessei mesmo a verdade &qu

A revolução foi necessária e bonita... Era bom que não estragassem tanto esforço...

Era uma miúda de cinco anos a brincar num pequeno quintal e pouco caso fiz quando o meu pai chegou para almoçar e a minha mãe lhe perguntou, assustada: "Então e agora??? Vamos andar em guerra?"... Só retive isto, nem me recordo da resposta do meu pai. Mas provavelmente terá sido qualquer coisa na ordem do "As mulheres não se metem nisso...." Nos dias que se seguiram só se ouvia a só se ouvia a palavra LIBERDADE, nas poucas televisões que já havia na rua entoava um grito "O povo unido jamais será vencido"...  Imagens de cravos vermelhos lindos transmitiam uma ideia de alegria, de felicidade.... Percebi desde cedo que os meus pais não gostavam lá muito daquela alegria. Não compartilhavam lá muito daquelas ideias de liberdade... O meu pai nem parecia permitir que a minha mãe se interessasse muito pela matéria... Não lhe convinha muito... Às mulheres, tal como aos criados, não se deve dar muita abertura... Senão.... Acontecia o que estava à vista. Ainda

Um bem haja ao Papa Francisco

Dedico este post ao Papa Francisco. Confesso que me agrada bastante a postura deste novo chefe máximo da Igreja Católica Romana.  Confesso que esta abertura, esta mudança de mentalidade me transmite a ideia de esperança. Me faz acreditar que ainda há alguma consciência por parte de quem tem, de certa forma, onfuturo do mundo nas mãos. Não sou uma pessoa religiosa. Não consigo ser.  Por mais do que uma vez ao longo da vida tentei. Não dá. Não funciona. Poderá, eventualmente, tratar-se de uma falha minha. Ponho essa hipótese. Por essa razão, não me considero ateia, mas agnóstica. Acho que tal como na questão da sexualidade, ser religioso não é uma questão de opção, mas de orientação. Uma questão de natureza. Ou se nasce religioso ou não se nasce. E nada na minha natureza, na minha forma de ver, sentir e interpretar o mundo me dá o mais leve indício da existência de Deus. Prefiro dizer a verdade a me encostar à bengala do "sou católico não praticante". Não, não sou católic

Quando as coisas não aconteceram, nem se pensa que podiam ( efectivamente) ter acontecido...

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Faz hoje 15 anos que uma tragédia deixava o país em estado de profundo choque. A ponte de Entre-os-Rios caiu. 59 pessoas perderam a vida. 36 corpos nunca foram encontrados. A dor e o luto eram evidentes nos rostos das pessoas. Ninguém ficou indiferente. Além de ninguém ter ficado indiferente, também ninguém encolheu os ombros e disse simplesmente que tinha sido o azar, o destino. Toda a gente se agitou à procura de culpados . Já nada havia a fazer por aquelas pessoas, mas havia que punir os culpados. Afinal, um relatório datado de 1986 alertava para uma fragilidade considerável no quarto pilar da ponte e nada tinha sido feito. Tudo isto gerou uma onda de indignação que levou à demissão  de várias pessoas com cargos de responsabilidade, incluindo do então Ministro do Equipamento Social, Jorge Coelho. Isto sem contar com os insultos de que foram vítimas Jorge Sampaio e António Guterres quando visitaram o local. O julgamento dos arguidos só começou cinco anos depois e ninguém foi co

O cartaz do Bloco de Esquerda e a confusão de algumas pessoas sobre o significado de liberdade de expressão

Durante dias não se falou de outro assunto: o cartaz do Bloco de Esquerda com o slogan " Jesus também tinha dois país" dominou serviços informativos televisivos, capas de jornais, redes sociais, conversas de café e por aí fora. Parecia não haver outro assunto.  Via-se comentários completamente inflamados a afirmar que o referido cartaz constituía  uma afronta à Igreja. Havia outros menos inflamados, mas que também contestavam o cartaz. E depois havia os comentários das pessoas que afirmavam que achavam muito bem , pois pegar pela religião é uma forma eficaz de captar a atenção das pessoas e atingir os sentimentos. Essas pessoas, censuravam ainda quem criticava o cartaz perguntando onde estavam as pessoas que há um ano atrás , em defesa da liberdade de expressão, gritavam "Je suis Charlie ". Algumas das que contestavam o cartaz ainda respondiam que jamais tinham sido desses que tinham gritado tal coisa. Parece-me que há  grandes confusões na cabeça de certas pessoa

Alguém disse que a eutanásia já se prática. Quem? Um pedreiro? Um advogado? Não! A bastonária da Ordem dos Enfermeiros....

A forma como as pessoas abrem a boca aparentemente sem antes medirem as consequências daquilo que vão dizer é algo de extremamente impressionante. Numa altura em que tanto se adverte as pessoas para que tenham o máximo de cuidado com o que publicam nas redes sociais, para que pensem bem antes de abrir a boca quando estão fora das suas quatro paredes, para que ponderem sobre as consequências que poderão advir das suas declarações públicas, ainda acontecem coisas que me deixam de boca aberta, tendo em conta o estatuto das pessoas de quem partem. Então vai uma bastonária da ordem dos enfermeiros para os estúdios da Rádio Renascença afirmar que a eutanásia já se pratica em Portugal no Serviço Nacional de Saúde? Que já ouviu médicos sugerirem a administração de uma overdose de insulina a fim de provocar um estado de coma irreversível e, consequentemente, a morte do doente?? Pelos vistos, sim. Pelos vistos, isto efectivamente aconteceu. A senhora efectivamente , durante uma entrevista

A obsessão pela política destrói as pessoas

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Há pouco tempo, vi num blog que sigo, num comentário de resposta da própria dona do blog uma ideia muito ponderada e que mostra um bom senso precioso. A autora do blog disse isto : "Posso não ter votado em Maria de Belém para Presidente da República, e não votei porque acho que não resultaria numa grande Presidente da República, no entanto estou longe de achar que a senhora é má pessoa" Ora aí está uma forma de pensar, uma filosofia de vida, muito sensata.  Mas infelizmente, a observação dos comportamentos das pessoas em sociedade mostra-me que esse bom senso é raro no ser humano.  O que acontece é que as pessoas tendem em misturar de tal forma as coisas que, ao não se sentirem inclinadas para uma determinada ideologia política, defendida por determinado político, odeiam pura e simplesmente a pessoa. Não só a sua ideologia, mas a pessoa em si, enquanto pessoa, enquanto ser humano que é, antes de ser político.  Mas há mais : não se limitam a odiar esses políticos, mas pass

Livrai-nos senhor de um gajo que não tenha amor à própria liberdade!

Ontem, já não me recordo a propósito do quê, escrevi isto na minha página de Facebook: "Eh pah... Se a liberdade não fosse tão preciosa, a privação dela não era a forma de penalização mais usada pela sociedade" Essa frase para mim não passa de um lugar comum, uma "paliçada", algo tão, mas tão óbvio que nem vale a pena referir. Quer me parecer, porém, que para a maioria das pessoas tal  verdade não é assim tão óbvia. Sempre que acontece um crime hediondo surgem as discussões sobre se o criminoso estaria ou não de posse das suas faculdades mentais, como se isso significasse se devia ser punido ou não. Não significa. Eu posso dizer que acho que alguém não está de posse das suas faculdades mentais e continuar a achar que deve ser punido. Muito menos estarei de acordo que alguém seja obrigado a levar com a falta de juízo de alguém, ou que seja justo que leve. Já não toco em outros pontos mais delicados, que poderão ser importantes para umas pessoas e não o ser

Não. A Humanidade não está pior. Acredito mesmo que melhoramos muito :)

Assiste-se, como sempre se assistiu só que o público da assistência não era tão grande em cada caso, a uma onda que se mostra completamente indignada e convencida de que a sociedade está perdida, que já não há valores como havia antigamente, que antigamente é que o mundo estava bem, que nunca como hoje em dia se viram tantos casos de violência doméstica, de pedofilia, de ódio, de vingança, de tudo o que é mau. Antigamente era tudo um mar de rosas, até porque não havia redes sociais, nem televisão, nem nada dessas coisas do demónio que mostram essas realidades ao mundo.... Alto! Pára tudo! O que é que eu disse? Mostram? Talvez esteja aí a grande questão em que acredito piamente: o que acontece hoje em dia é que qualquer pequena ou grande coisa que aconteça, algures em qualquer ponto do mundo, rapidamente é base de notícia no mundo inteiro, enquanto que há 20, 50, 100, 200, 500 anos atrás, isso não acontecia. Ainda hoje li um pequeno artigo com o título "Is Humanity Getting Better

Não calhou em conversa agora, mas às vezes calha... As redes sociais e a chamada vida real

Quando criei este blog, tal como quando criei a minha página de Facebook, foi com a intenção de expressar neles as minhas ideias, as minhas opiniões, as linhas de pensamento por que se gere a minha forma de estar na vida. Porém,  noto frequentemente, com alguma pena minha, que este blog fica meses sem ser actualizado e que o que publico na página de facebook pouco tem daquilo que eu gostava que tivesse. Em contrapartida, reparo que escrevo testamentos em resposta a posts de outras pessoas, quer em blogs, quer no Facebook ou em foruns. Isso às vezes deixa-me com alguma pena, pois coisas que me orgulho de ter escrito ficam por aí espalhadas em vez de ficarem nos "MEUS arquivos" ... Mas acho que isso é facilmente explicado pela velha expressão e ideia que ouvia à minha mãe quando era criança: "calhou em conversa"... Se calhar é mais fácil , ou pelo menos mais habitual darmos a nossa opinião sobre um assunto que já está na mesa do que, assim do nada, chegar e pôr um ass

Terão os portugueses falta de heróis?

Por hábito, como me parece que acontece com quase todas as pessoas que vivem sozinhas, ligo a televisão logo que acordo. Depois venho à net ver as novidades , que normalmente correspondem ao que a televisão diz... Se diz na televisão e na net é porque deve ser verdade... Às vezes, há pequenas coisas que me  chamam a atenção  ... Hoje houve uma no Facebook que, parecendo tão banal, me fez parar... No perfil de um dos meus contactos podia ler-se " Já foste!!! Sportinguistas não votem nesta senhora porque o último a rir é o que ri melhor!!! !" Este curto discurso  servia de introdução para uma ligação em que se via o rosto da candidata presidencial Marisa Matias, com o título  "Marisa Matias ofende Sportinguistas". Aqui a São, de si para consigo, pensou " Bom... Lá estão as pessoas a misturar Futebol com Política..." . Diga-se de passagem que já por natureza ,quando essas duas coisas se misturam, a coisa tende em pender para o pouco sério, t