Senhores Professores: Compreendo a indignação, não a arruaça...

Durante muitos anos alimentei uma paixão: o sonho de ser professora.
Essa paixão acabou por se revelar realmente um sonho por culpas que não vêm agora ao caso. Uma única cadeira do terceiro ano (estando o 4º e o 5º ano completos) impediram que acabasse a licenciatura e que esse sonho se realizasse. Mas, como já referi, não é isso que vem agora ao caso. Ainda assim, dei aulas por três anos e fiz o estágio.

Quando comecei a ouvir falar da indignação daqueles de quem eu hoje seria colega perante uma prova de avaliação de conhecimentos, confesso que comecei por achar que "falavam de barriga cheia", pois havia quem quisesse estar no lugar deles e não pudesse. E, afinal, se em todas as profissões há avaliações , o que tinham os professores a temer? Não estavam confiantes dos conhecimentos que tinham? Porque não demonstrá-lo num exame?

Porém, com o avançar das informações que foram surgindo, apercebi-me de que realmente a tal prova não era assim tão ortodoxa, tão inocente, como eu pensava. Além disso, tanta indignação tinha que ter algum fundamento e eu não era ninguém para criticar. Se tantos professores estavam indignados e revoltados com esta prova era porque alguma razão tinham.

No entanto, se compreendo a indignação, não compreendo a arruaça nem as atitudes pouco dignas que vi em certos professores através de reportagens televisivas.

Pelo que percebi, nem toda os professores estavam interessados em boicotar a prova. Ainda que alguns desses estivessem também descontentes, havia quem quisesse fazer-la. Com que legitimidade se invadem salas de aula, se partem janelas, se rasgam e amarrotam folhas de papel e se atiram ao chão e outras atitudes que podemos ver através do pequeno ecran?

Porque não, de forma civilizada e em silêncio, entregar simplesmente a folha em branco? Não teria sido uma forma mais bonita e digna de mostrar o descontentamento? Não teria sido mais dignificante e educado mostrar a indignação sem incomodar quem queria realizar a prova? A mim parece-me que sim...

Com que cara e autoridade irão estes professores amanhã repreender um aluno que, perante um exame com o qual não concorde, tiver a mesma atitude que eles ontem tiveram? Que moral terão para lhe aplicar uma medida punitiva por uma atitude dessas?

Ah, dá que pensar, é que o "Faz como eu digo, não faças como eu faço" já passou à história há muito tempo.

Comentários

  1. Ora nem mais. Está tudo dito.

    Assino por baixo estas duas partes:
    "Com que legitimidade se invadem salas de aula, se partem janelas, se rasgam e amarrotam folhas de papel e se atiram ao chão".
    e
    "Com que cara e autoridade irão estes professores amanhã repreender um aluno que, perante um exame com o qual não concorde, tiver a mesma atitude que eles ontem tiveram? Que moral terão para lhe aplicar uma medida punitiva por uma atitude dessas?"

    Dá que pensar sim senhora.

    Abraço e espero que continue a escrever. Já a adicionei ao meu blogue e ao meu feedly, portanto saberei quando algo de novo sair.

    Abraço :)

    PS: Ah, sim, sou a nona seguidora.

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    1. Aaaaah... É para isso que serve ser seguidor? Para sabermos quando sai algo de novo? LOOOL... Ok, boa! Assim enquanto não sair não precisamos de ir lá ver! Boa! Então a diferença está aí? Boa!

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  2. Tenho uma opinião não muito ortodoxa quanto a este assunto. Volto mais tarde para comentar correctamente!

    Beijinho, São!

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    1. As opiniões são para se partilhar e respeitar, Alexandra. Cada um tem direito à sua. Fique à vontade, porque aqui, todas as opiniões são respeitadas :)
      Beijinho :)

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    2. Tal como referi, voltei para comentar! A situação dos Portugueses sempre foi um tanto ou quanto injusta com um elevado numero de desempregados. Lembro-me de quando andava no liceu de ter tido professores que foram da minha mãe, malta já ultrapassada, sem paciência ou capacidade de transmitir as novas gerações o muito que sabiam. Enquanto isso outros iam estando no desemprego, à espera que um se reformasse e deixasse uma vaga. Fi professora de novas tecnologias da informação e gostei da experiência e dos alunos, no entanto, digo que seria essencial a existência de uma verdadeira prova que avaliasse os professores... há professores e professores!

      Beijinho! 

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    3. Exactamente, Alexandra, uma VERDADEIRA prova. Parece que esta não era assim tão sensata e daí a indignação. Não estou bem dentro do assunto, mas parece que os moldes não eram os melhores.

      Mas ainda que assim fosse, que estivessem em desacordo, a melhor maneira de o demonstrar não foi, de certeza, da forma como alguns o demonstraram. Tal como diz, e muito bem, há professores e professores.

      Beijinho e um Bom Natal, dentro do possível :)

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