Onde a América põe a mão... Todos põem o olho!

Passam esta noite 23 anos sobre aquela longa noite... A noite em que eu queria saber tudo para contar aos habitantes de Faro e arredores, e em que aquele que mais tarde se tornou no meu escritor favorito, e numa pessoa que muito admiro, não adiantava nada! Às vezes digo na brincadeira que estivemos em sintonia nessa noite... Quem não entende fica chocado... Ele passou a ser mais conhecido depois dessa noite... Eu nunca passei da cepa torta, mas também não era isso que me interessava naqueles momentos de ansiedade e curiosidade... Nem pensava nisso... Raios parta ao homem que não adiantava pormenores! Mas que raio estava ele lá a fazer de vigília a noite toda se era para não adiantar nada? E que raio estava eu ali a fazer, naquele 11º andar? À espera de desenvolvimentos para contar... Pois, ele também... Por isso é que não adiantava nada... Pois se não sabia... Mas para mim, ele tinha que saber, porque eu precisava de contar!

Naquela noite ele não pensava tornar-se escritor... Nem era ainda assim tão conhecido do público português... E para mim era ainda uma pessoa indiferente... Essa noite serviu um pouco como rampa de lançamento dele. Naquela noite eu não esperava que, em contraste, a minha vida futura viesse a ser tão vazia... Mas se há pessoa que não invejo é ele, pelo menos não no sentido negativo do conceito de inveja. Acho que merece tudo quanto tem e tudo quanto é (ou acho que é) .

Mas afinal, pergunto-me hoje, o que estava alguém a fazer acordado , de alerta, fosse em que redacção de que órgão de informação fosse, quando toda a vida tinham havido guerras e ninguém ficava de vela nas redacções à espera de novidades? Não devia ser só ele e eu, obviamente que pelo mundo fora havia mais otários espalhados à espera dos mísseis...

Há uma explicação: havia o dedo da América (a mão toda, melhor dizendo) e estava tudo explicado