O Lugar da Minha Alma Que Prefiro...

Há pessoas na vida que nos marcam quer queiramos quer não. Hoje lembrei-me dele: Prof. Doutor António Branco, meu professor durante dois anos na Universidade e, posteriormente, meu orientador de estágio, com muito orgulho meu e sempre, mas sempre presente como Grande Mestre. Custa-me escrever sobre ele, porque fico, inadvertidamente, com receio de não pontuar bem, de não fazer a concordância entre sujeito e verbo... De usar reticências em demasia... Como ele tentou corrigir isto... É como se achasse que ele me está a ler.
Há muito que não sei dele. A ver se lhe mando um email pelo Natal. E a ver se tenho cuidado na forma como o vou escrever :). Cnfesso que ultimamente me deslexei muito nesse campo. Escrevo como se estivesse a falar, sem me preocupar muito com questões gramaticais e sintacticas. Sinais dos Tempos.
Foi com este grande senhor que aprendi a amar a Literatura e a ficção em geral de uma forma diferente. De uma forma viva e activa. Ninguém pode ensinar outra pessoa a amar, seja aquilo que for, porque o amor e a paixão nascem e vivem-se espontaneamente, sem planos nem directrizes. Sempre amei a Literatura e o mundo da ficção em geral, porque nos faz vibrar, sonhar, ser felizes, esquecer certas coisas e, ao mesmo tempo, recordar outras e reflectir sobre elas. Mas este Professor (das pessoas que conheci que mais merece assim ser tratado) fez-me olhar para esta REALIDADE de uma forma diferente.

Ele dizia que o leitor/espectador era um elemento activo no processo de escrita e que um livro ou filme nunca estava acabado a não ser na mente de cada leitor/especrtador, para si mesmo, e para mais ninguém. E, mesmo assim, a pessoa era olivre de mudar de posição. :) Perguntavamos-lhe muitas vezes, quando ele fazia aquelas análises muito pormenorizadas e bem fundamentadas, "Ó stor, mas será que o autor pensou nessas coisas todas quando escreveu?" A resposta vinha sempre no mesmo sentido: Não importava. O que importava era quem a pessoa fundamentasse bem a sua análise, com argumentos válidos. Dizia que um bom escritor tem que estar consciente de que a obra não lhe pertence e que ela quando sai de si, é livre, como um filho que se põe no mundo. Uma forma curiosa de olhar a Literatura e a Ficção em geral. Foi com ele que fiz uma análise textual numa frequência, na qual tive uma nota elevada (já não lembro quanto, está guardada), mas onde ele escreveu como comentário final: "Não concordo. Mas argumentou com bastante coerência. Por isso, aceito". Sim, ele é também, simultaneamente, uma das pessoas mais justas a nível profissional que já conheci.

Hoje lembrei-me dele. Um grande Professor. Vou terminar com um pequeno poema da sua autoria, que faz parte do seu Livro "Fugidia Comunhão", lançado no final da década de 90, numa festa muito bonita, na qual adorei ter estado presente. Ele disse na altura que este pequeno poema era dedicado, precisamente, á Literatura, a Arte da Escrita, mas claro... Cada um poderia dedicá-lo a quem quisesse. Eu dedico de volta a ele: A pessoa que teria para mim o valor de um pai a nível profissional, se houvesse ligações familiares nesse campo:

O Lugar Da Minha Alma Que Prefiro
É o Verso De Que Nunca Estás Ausente
O Poema Onde Sei Que, Se Parasse,
A Vida Acabaria De Repente
António Branco


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