Poderá um coração amar por dois? A Europa disse que sim...Se calhar o mundo também...

Por motivos que não vêm ao caso, nem nunca seriam chamados para um blog sobre generalidades, muito tenho pensado ultimamente sobre a questão do AMOR. Mais precisamente sobre a "lateralidade" desse sentimento tão complexo.

Poderá um amor unilateral sobreviver por muito tempo? Poderá algum dia dar origem a um amor bilateral? Será verdadeira a teoria de que nos relacionamentos há sempre uma pessoa que ama e outra que se deixa amar? A ser verdadeira funcionará com todas as pessoas? Será que quem ama não se cansa um dia de amar sem ser amado? E, a cansar-se (porque me parece inevitável), será que põe um ponto final na relação, ou será que entra num estado de "deixa andar" e se acomoda, por tantos e mais variados motivos, e apenas mostra ao parceiro um estado de desinteresse e apatia? E a ser este o caso? Será esse desinteresse  genuíno ou não passará de uma derradeira tentativa de "chamar a atenção" do outro, naquela velha ideia de "A ver se assim sentes a minha falta"? ... 

Conclusão: não há regras. Sendo o mais complexo dos sentimentos, jamais poderia ter regras, até porque todas as pessoas são diferentes e cada pessoa é um mundo. Cada pessoa tem a sua forma diferente e única de reagir perante as situações que a vida lhe apresenta. 

Uma teoria que ouvi desde sempre, desde o tempo em que via telenovelas com a minha mãe, dizia que era possível o amor vir com o tempo, com a convivência. Sinceramente, nunca acreditei muito nela. Ponho a hipótese de isso acontecer quando ambos partem para uma relação em igualdade de circunstâncias. Ambos simpatizam um com o outro, têm gostos em comum, dão-se bem no dia a dia, etc... Acredito que daí possa nascer um relacionamento duradouro, talvez eterno, um verdadeiro AMOR, e que daí a uns anos já nenhum dos dois consiga imaginar a vida sem o outro. Aliás, vou mais longe e acredito que esses são os amores mais verdadeiros e mais sólidos, ao contrário dos que nascem de uma grande paixão que, ao terminar (porque a paixão, sim, tem prazo de validade) não deixa nada em seu lugar, apenas o vazio... Na melhor das hipóteses, pois na maioria dos casos deixa um role de dissabores... 

Contudo, se uma das pessoas se apaixona (raio de coisa a paixão!) na esperança de fazer com que a outra se apaixone por ela, acho que dificilmente algum dia os dois terão um relacionamento feliz e saudável. Porque não estão em igualdade de circunstâncias. Porque partiram para a permuta com contribuições incompatíveis. Em linguagem simples, porque não estão a jogar o mesmo jogo.  Porque um estará constantemente à espera do dia em que o outro vai dizer "Olha , já te amo, já me apaixonei" e o outro estará sempre a recear que aquele toque nesse assunto. 

Curiosamente, nas minhas reflexões, acabei por me aperceber de uma coisa engraçada: secretamente as pessoas acreditam nisso. Talvez porque sonham, desejam que assim seja. Senão como se explica que Portugal tenha sempre sido um total fracasso na Eurovisão e, de repente, no ano de 2017, com uma letra que fala de alguém que, humildemente, num tom que roça a humilhação e a submissão, se predispõe a amar por dois, na esperança de que o outro volte a aprender com o tempo (devagarinho, ainda por cima) tenhamos feito um sucesso estrondoso e nunca visto? Mais: a letra termina com a promessa de que mesmo que a outra pessoa nunca se apaixone, o seu coração pode amar pelos dois. Poderão ter havido muitos factores, mas para mim todos partiram  da mensagem que a letra transmitia. Uma mensagem tão simples e tão complexa ao mesmo tempo. Talvez porque o amor é algo simplesmente complexo. 


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