Como a política controla as pessoas quais ovelhas em rebanho (muito mais do que admitimos)

Há muito que não acrescentava nada a "esta coisa"... Talvez porque não haja muito a acrescentar, no sentido em que tudo o que me vem à cabeça para falar aqui (e noutros sítios) me parece para lá de cliché...  Tudo me parece demasiado óbvio, demasiado evidente para estar a escrever sobre como quem acaba de descobrir finalmente a fórmula da pólvora...

O título escolhido para esta publicação não podia, mais uma vez, ser mais cliché, mais evidente, mais óbvio, e mais batido. Não há quem não saiba que a política controla tudo e todos. Controla o mundo. Somos governados por ela. O mundo gira em volta dela. Tudo é política e a tem como base. A pergunta que ainda me faço às vezes é se todos estamos assim tão conscientes e admitimos a dimensão da sua força no nosso dia a dia, na nossa vida social e pessoal. Mais precisamente nas nossas reacções e opiniões pessoais... Até que ponto são realmente pessoais? É esse o ponto.

Quem me conhece sabe que é uma das minhas maiores quezílias: a falta de imparcialidade das pessoas, tendo em conta as cores políticas e consequentes simpatias e antipatias. Conheço poucas pessoas  totalmente imparciais, ao ponto de conseguirem  abstrair-se  de algo que se chama "tendência política" e que se não fosse tão dominante não se chamaria tendência. Regra geral, na sociedade as pessoas são ovelhas, seguindo as outras ovelhas que seguem o pastor. As opiniões sobre situações que presenciam e vivem mudam consoante os envolvidos. Quando são de uma cor política da sua simpatia a opinião emitida é uma , quando não são, a opinião muda completamente. A conversa é logo outra. E depois, quando alguém as confronta com a pergunta "Então e quando foi Fulano de Tal porque é que não disseste isso?", a resposta é invariavelmente a mesma "Ah, é diferente! Tu não queiras comparar!" Mas vai-se ver e... Não é nada! Não é diferente. Trata-se de situações muito idênticas, a única coisa que muda são as cores políticas dos envolvidos. O caso é que me parece que este estado de rebanho é inconsciente. As pessoas ao emitirem essas opiniões como pessoais parece-lhes realmente que estão a ser imparciais, que essas opiniões são pessoais. Isso é que é mais preocupante.

Estava a ler hoje de manhã mais um episódio sobre o caso da Bárbara Guimarães e do Manuel Maria Carrilho. Via-se perfeitamente nas entrelinhas daqueles comentários que aquelas pessoas estavam a emitir opiniões baseadas na simpatia ou antipatia pelo senhor enquanto político. Era visível essa submissão.

Encontrei a palavra: submissão. As pessoas são submissas à política. São escravas. Pensando que são livres, não passam de escravas. Tudo se resume a uma cor política.

Isto não é novo. Sempre foi assim. Basta ler um romance de época para vermos como era e qualquer época da nossa História. O que me preocupa é que já podíamos ter evoluído um pouco. Já podíamos ter uma consciência mais independente, mais centrada nas situações e menos nos evolvidos, mais centrada, no fundo, nas nossas próprias convicções, que deixasse mais para a política o que é da política e mais para a ética pessoal o que é da ética pessoal.

Acabaram de me dizer que que José Sócrates vai publicar mais um livro. Não tenho grande curiosidade em ler comentários sobre tal. Já sei que quem o tiver como um ídolo irá falar maravilhas do livro e que quem o detestar irá detestar o mesmo, ambos sem ter lido. 

No entanto, talvez leia alguns. Ainda tenho uma ligeira réstia de esperança de ver alguém dizer qualquer coisa como "Não gosto de José Sócrates e acho que foi um péssimo político, tenho uma ideologia política totalmente diferente e nem simpatizo com ele como pessoa, mas por acaso, achei pertinente este tema abordado no livro" ou um comentário do tipo "Gosto de José Sócrates, acho que foi grade político e fez muito pelo país, mas não achei que o livro tivesse qualquer conteúdo interessante..."

Vá lá, tentem ser imparciais... Afinal, se não é nada dele, até é possível que as palavras do livro também não sejam... Ooops... Mas é isso: centrem-se nelas, nas palavras, pois nem se sabe quem as escreveu!


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