Lá vem ela defender José Rodrigues dos Santos dos ataques dos punhos erguidos... Hum... De quê? Eu disse punhos? Não...

O que aconteceria se aqui a São, conhecida por ser grande fã do jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos, viesse aqui dizer que, mesmo que tivesse havido por parte do referido, uma intenção de fazer uma piada, não se podia fazer muito caso porque afinal, já todos conhecemos o feitio do Zé e não há que dar muita importância?

Eu própria digo o que aconteceria: seria enxovalhada por gente de punho erguido (punho? Eh pah... Ou outra forma de defesa qualquer ,pronto) porque, afinal, estava a defender um homofóbico.

Mas não. Não venho aqui para defender tal coisa, até porque não me parece que se tenha tratado de uma piada, de algo propositado. Para mim é claro que se tratou de um equívoco, um lapso, uma gafe. Não me parece ,de forma alguma, que o referido jornalista, que muito admiro, se fosse pôr a pensar em fazer uma piada em relação à orientação sexual do deputado Alexandre Quintanilha.

Venho aqui para recordar um triste episódio ocorrido há cerca de um mês, mais coisa, menos coisa, na Arábia Saudita, quando devido a tumultos ocorridos durante uma peregrinação, os peregrinos entraram em pânico, começando a correr de forma desenfreada ,derrubando-se uns aos outros, na ânsia de fugir dali para fora. Cerca de 800 peregrinos perderam a vida... Cerca de outros tantos ficaram feridos. Uma tragédia. Perderam-se muitas vidas humanas.

Nesse dia, José Rodrigues dos Santos, ao apresentar o telejornal introduziu a notícia desta forma :"Foi um pânico de morte!"

O que achei de tal introdução à notícia? Sinceramente, achei uma tirada infeliz. Afinal, muitas pessoas tinham perdido a vida, certamente porque entraram em pânico e se esmagaram umas às outras... Porém, quem conhece minimamente a Língua Portuguesa sabe que a expressão usada seria adequada num contexto de ironia, querendo dar uma ideia de exagero.

Se não me percebem eu dou um exemplo: se eu disser "Ontem à noite estava sem sono e , por volta da uma da manhã, pus um lençol pela cabeça e fui às janelas das minhas vizinhas fazer uuuuuuuuuh ... Olhem, nem queiram saber! Elas acreditam em fantasmas... Foi um pânico de morte!!!"

Agora, naquela situação , quer me parecer que José Rodrigues dos Santos podia ter evitado usar tal expressão. Afinal, largas centenas de pessoas tinham efectivamente perdido a vida. Mas como já conheço há décadas as tiradas dele, limitei-me a abanar a cabeça e encolher os ombros. Parece-me que terá sido o que toda a gente que ouviu terá feito.

A minha pergunta agora é: PORQUE É QUE NA ALTURA NÃO SE ERGUERAM PUNHOS?  (E lá estou eu a dar-lhe com os punhos erguidos, heim! Pronto, ou outra arma de defesa qualquer... Calhou dizer punhos erguidos... ) ... Afinal, tinha morrido tanta gente e ele dizia aquilo??

Ontem falei sobre isso com uma pessoa que está profundamente indignada com a presente polémica e diz acreditar que o Zé teve intenção de gozar com a orientação sexual do deputado Alexandre Quintanilha. Resposta da pessoa "Ah, mas isso do pânico de morte é mesmo o feitio dele, tem essas tiradas...."

Por favor, parem de tentar atirar-me areia para nos olhos! Se é mais grave gozar com a morte de centenas de pessoas ou com a orientação sexual de um deputado depende dos valores de cada um... Agora, entre o silêncio total e toda esta multidão de punhos erguidos ( e eu a dar-lhe com os punhos erguidos, heim!) vai uma grande mas mesmo muito grande distância.

Falando de forma objectiva, todo este barulho em volta daquilo que , a meu ver, não terá passado de um lapso do pivô, já tomou proporções ridículas. O que querem que seja feito? Que se crucifique José Rodrigues dos Santos em praça pública? Não será melhor deixar os órgãos competentes , que à conta de tantos punhos erguidos ( e eu a dar-lhe!) já tem o caso em mãos, avaliar e se pronunciar sobre o assunto? Eu achava que sim... Mas há demasiados... Punhos erguidos contra ele... Tornou-se, a partir de uma determinada altura ( quando?) num perigoso alvo a abater... À punhada! Eh pah... E eu a dar-lhe.... :D .. É que fazer piadas com a morte de umas centenas de muçulmanos não é motivo para se erguerem punhos (Chiça! Já chgega, São!) .... Sequer para se mostrar algum desagrado, o que eu, aliás, com toda a sinceridade, teria achado normal, apesar de estar habituada às piadas do jornalista.

Comentários

  1. Venho tarde para este texto. Tarde no sentido de saber que agora está feliz porque já esteve com JRS e que, provavelmente, já tem o novo livro autografado pelo próprio. Ora ainda bem :)

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Amanhecer Tardiamente... Ou Comportamentos humanos muito estranhos

O que nos faz gostar das figuras públicas?

Amor romântico, amor paternal/maternal, amor fraternal, amor filial... E amor sem nome :)