A insegurança dos pais

Há muito tempo que não faço por aqui uma dissertação... Hoje lembrei-me de um tema que me toca muito profundamente: Os pais inseguros.

Levamos a vida a dizer que não podemos mostrar a nossas insegurança, as nossas fraquezas aos nosso filhos. Devemos mostra-lhes que somos fortes, que não temos medos, etc e tal. Porquê?? E se nós formos pessoas inseguras e medrosas. Valerá a pena tentarmos mostrar aos nossos filhos uma pessoa que não somos em vez de simplesmente lhes mostramos o nosso amor incondicional, que é a nossa maior força?

Não terão os nosso filhos que nos aceitar e nos amar tal como nós somos? Claro que poderão haver características dos pais que possam prejudicar os filhos. Mas eu estou aqui a falar de uma em específico: a insegurança. O medo. Se somos pessoas naturalmente corajosas, óptimo! Mas e se não somos? Valerá a pena tentarmos mostrar aos nosso filhos uma farsa? Para quê? Para um belo dia, quando eles menos esperarem, terem uma desilusão ao se aperceberem que os pais, afinal, também têm medo, também choram, também sofrem? Sim, porque tudo o que é falso, mais cedo ou mais tarde quebra...

Sabemos que no cinema, na literatura, enfim, na ficção em geral, existe a censura. Não só a censura propriamente dita, mas também a censura popular que vem depois. Quantas vezes já ouvimos dizer que determinada história, filme, série é prejudicial Às crianças por isto e isto e isto?

Curiosamente, há uma história, que deu em filme, bastante recente e que foi um estrondoso sucesso a nível mundial. Nunca ouvi fosse quem fosse dizer que aquela história tão linda fosse prejudicial para as crianças. Pelo contrário, trata-se de uma história muito bonita sobre o amor paternal e filial. Contudo, se fôssemos pela bela (?) teoria de que não devemos mostrar as nossas inseguranças e os nossos medos aos nossos filhos, esse filme teria sido o mais censurado da história. É ficção. Sim, claro que é. Por isso mesmo, feita â medida, feita como nós queremos, com o princípio, meio e fim que nós quisermos. Neste caso, nós, o autor. Seria assim tão irresponsável aquela autora? Então, nesse caso, porque não foi censurada? :) ... Acho, pelo contrário, que levou muitos pais a suspirar de alívio e a perder o medo de se mostrarem aos filhos, tal como são, com defeitos, com fraquezas, com medos... Defeitos que em nada alteram o amor sentido, antes pelo contrário...

Falo, como já devem ter percebido de "À procura de Nemo"...

Conhecem pai mais medroso e inseguro do que o Marlin? E conhecem outro que ame mais o filho? Terá sido lapso da autora e de todos os críticos? Um lapso tão grande??? Duvido.

Os menos atentos, costuma dizer que o Marlin ficou inseguro e medroso depois da tragédia: o tubarão que comeu a Coral e todos os outros filhos, À excepção do Nemo. Não. O Marlin sempre foi assim. Quando está a conversar com a Coral, no início do filme, enquanto olham para os ovos preste a eclodir, o Malin interroga-se "Será que eles vão gostar de mim??"... A resposta da Coral é irónica e "encorajadora": "São mais de 400... Algum há-de gostar de ti" ... :)))) Belo incentivo... :))). Já aqui se nota que o Marlin era um pai inseguro, um ser pouco confiante.

E no final, o Marlin continua o mesmo. Depois de toda aquela odisseia em que enfrenta tudo, precorre o oceano para encontrar o filho, o Marlin não deixa de ser um pai medroso e inseguro... Ele sabe que tem de deixar o Nemo viver a sua vida, mas continua com a sua personalidade medrosa e demasiado prudente. Porque a sua essência é aquela. Seria irreal se o Marlin se tornasse num pai super confiante. Porque ele não é assim. É a sua natureza e não pode ser mudada... Isso não invalida que adore o filho.

Alguém viu algum dia esta história ser censurada? Não. Claro que não. Porque será?

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